'Insatisfação' com Padilha marcou reunião do PT; embate público foi 'desnecessário', dizem fontes
29/10/2024
(Foto: Reprodução) Padilha afirmou que o PT, apesar do aumento no número de prefeituras, ainda está no 'Z4'. Para Gleisi, presidente da sigla, ministro de Lula 'fez graça' e ofendeu o partido. O ministro da articulação política, Alexandre Padilha, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em montagem feita pelo g1
Guilherme Mazui/g1 e FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Integrantes da cúpula do PT ouvidos nesta terça-feira (29) pela GloboNews disseram que a reunião da Comissão Executiva Nacional do partido nesta segunda (28) foi marcada por "muita insatisfação" com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT).
Avaliaram também que o embate público a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann (PT-PR), e o ministro foi "desnecessário".
Nesta segunda, após ter se reunido com o presidente Lula em Brasília, Padilha disse que o PT, embora tenha aumentado nas eleições o número de prefeituras que comandará, precisa fazer uma "avaliação profunda" porque ainda não saiu do Z4 – em uma referência ao grupo de times que luta contra o rebaixamento no Brasileirão.
🔎O PT passou de 183 prefeitos eleitos em 2020 para 252, em 2024, mas os próprios petistas reconhecem que o resultado foi ruim, tendo em vista que se trata do partido do presidente da República.
A presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), reagiu à fala de Padilha e disse que o correligionário ofendeu a legenda e fez "graça" ao abordar o resultado eleitoral. Em uma rede social, Gleisi disse ainda que o ministro deveria "focar" nas articulações políticas.
"Não gosto disso [embate público]. Ontem, na reunião do PT, [houve] muita insatisfação com o Padilha", afirmou à GloboNews, de forma reservada, um integrante da Executiva Nacional do partido.
Depois das eleições municipais, clima azedou entre Padilha e Gleisi
Um outro integrante da Executiva Nacional confirmou, também sob a condição de anonimato, a "insatisfação" dos presentes com a declaração de Padilha. Mas acrescentou que, para ele, tanto o ministro quanto Gleisi Hoffmann erraram no episódio.
"Como filiado do PT, achei muito ruim, os dois foram equivocados. Nós saímos de uma eleição em que a vitória foi aquém do que a gente precisava. Nós ganhamos, aumentamos o número de prefeitos, aumentamos o número de votos. Agora, de cabeça quente, as pessoas acabam jogando por terra todo um processo de construção que fizemos", afirmou.
"Clima de insatisfação, teve. Você está numa instância de Executiva do partido, aí tem um filiado que faz isso. Claro que cria alguma insatisfação. Mas vamos contornar isso. Agora, é ruim. Essa exposição foi desnecessária. Fez avaliação de qualquer jeito enquanto estávamos trabalhando na avaliação", acrescentou.
Na mesma linha, entendendo que é possível "contornar" o episódio, um deputado do PT também disse à GloboNews que achou "desnecessário" o embate público entre o ministro e a presidente da legenda.
Para esse parlamentar, porém, o "atrito" entre Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha foi "pequeno" e "se ajeita rapidamente".
Também de forma reservada, um outro integrante da Executiva do PT disse à GloboNews avaliar que Padilha fez uma fala “infeliz” e, ao optar por uma “brincadeira”, cometeu uma atitude que “pegou mal”.
Para esse dirigente, a deputada Gleisi “se saiu bem” ao defender o PT publicamente.
“Não dá para vir com brincadeira de Z4. Tem que fazer avaliação profunda, entender por que aumentamos o número de prefeitos, mas não como deveríamos. É um debate mais aprofundado”, acrescentou.
